Ignorar Comandos do Friso
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MENSAGEM DA PRESIDENTE, ​​PROFESSORA ISABEL ERMIDA



Qual a identidade da ELACH no âmbito da Universidade? Qual a sua missão? De que se ocupa, para que serve, que valores a guiam? 

A força das Letras, Artes e Humanidades reside na sua função reflexiva sobre a totalidade da ação humana. Através de diversas perspetivas críticas, olhamos para a cultura nas suas variadas manifestações – filosóficas, linguísticas, literárias e artísticas – questionando os modos como as pessoas falam, escrevem, se exprimem criativamente e interagem umas com as outras em múltiplas situações comunicativas. De igual modo, olhamos para o desenvolvimento científico e tecnológico tentando ponderar, ética e politicamente, o lugar onde se situam os homens e as mulheres no quadro das coisas. E, estudando o legado de grandes escritores, poetas, dramaturgos, compositores, filósofos e linguistas, mantemos viva uma longa tradição intelectual que subjaz à nossa identidade contemporânea, àquilo que somos enquanto comunidade de cultura e àquilo que podemos construir para o futuro.

Nenhuma Universidade o seria plenamente, ou seja, nenhuma seria “completa” se apenas as tecnologias e as ciências empíricas a constituíssem, muito embora esses dois domínios de objetividade desempenhem um papel determinante no conhecimento e sejam áreas incontornáveis do progresso. Importa lembrar que a vocação etimologicamente “universal” da Universidade implica também a afirmação de uma visão humanista da realidade e da vida. Esta é uma visão comprometida com o respeito pela dignidade humana, pela igualdade básica entre todos, pela tolerância das diferenças, pela liberdade, autonomia e solidariedade. As Humanidades e as Artes deverão, juntamente com a exigência de rigor intelectual e histórico que as marca, assumir também um compromisso ético em torno destes valores humanistas.

Por outro lado, face ao negativismo de tantos acontecimentos e fenómenos à escala mundial, impõe-se, também, uma afirmação dos valores estéticos e espirituais que as Humanidades assumem. “Fazer Arte” – na Literatura, no Teatro, na Música – é não só revisitar o reportório de experiências comuns da vida em sociedade, com os seus traumas e dores, mas também recriá-los a uma luz transformadora. Nesta dimensão, a criatividade artística e literária é, simultânea e paradoxalmente, interventiva e catártica: permite agir sobre o real, ao mesmo tempo que cria distância dele – uma distância libertadora. Em suma, é através dessa criatividade que se torna possível ao ser humano elevar-se acima do que é material e tangível, do que é opressivo e limitador. E é por isso, também, que a Universidade a deve defender e promover sempre.